Antes de começar, um recado: eu também tenho um perfil no instagram onde compartilho outras dicas e informações que, nem sempre, vêm aqui pro blog. Então, me siga lá também, procure por @na_auladeportugues.
Dando continuidade às resenhas de livros voltados para a formação do professor, vim compartilhar com vocês as minhas reflexões de leitura de mais este livro sobre o ensino de gramática.
O livro "Por que a escola não ensina gramática assim?" foi organizado por um grupo de pesquisadores e já é bem famoso entre professores de língua portuguesa, frequentemente aparece em recomendações de leitura nas redes sociais. Além disso, o próprio título cria no leitor uma grande expectativa de que, ao final da leitura, teremos uma ideia mais clara de como ensinar gramática aos alunos e de quais mudanças precisamos fazer em nossas práticas de sala de aula. E foi assim que comecei a leitura: com muitas expectativas. Mas, infelizmente, elas não foram atingidas.
Primeiramente, quero deixar claro que este é um excelente livro e traz um conteúdo que é importante para a formação dos professores de português, porém considerei-o muito teórico - o que quebra as expectativas geradas pelo título inclusive.
Cada um dos capítulos é escrito por uma dupla ou trio de pesquisadores e trata de um tema específico da gramática da língua portuguesa: concordância, regência, topicalização, verbos impessoais, etc. Ao tratar desses tópicos, as autoreas e autores focam numa abordagem teórica, explicando esses fenômenos linguísticos, sobretudo a partir da perspectiva da variação linguística e daquilo que é, de fato, colocado em prática pelos falantes de português. Se seu objetivo é aprofundar seu conhecimento teórico sobre o funcionamento da língua portuguesa falada pelos brasileiros hoje, vale a pena investir na leitura este livro. Porém, se seu objetivo é aprender outras e/ou novas maneiras de trabalhar com a gramática na sua aula, ele vai deixar um pouco a desejar - para isso, eu ainda prefiro o livro "Gramática Contextualizada", da Irandé Antunes, que eu já resenhei aqui.
Ao final de cada capítulo há algumas sugestões de atividades para fazer em sala de aula, no entanto não achei que foi o suficiente (para atender às minhas expectativas). Algumas sugestões foram apresentadas de maneira superficial - não fica claro como colocar aquela atividade em prática - e outras eu achei impossíveis de serem utilizadas em aulas da Educação Básica.
Uma das atividades propostas no livro, por exemplo, é distribuir dicionários e gramáticas aos alunos e pedir que eles analisem e comparem as regras de conjugação verbal e das formas nominais. Você imagina seus alunos fazendo isso? Não?! Nem eu. Eles iriam odiar, porque é uma atividade monótona demais pra ser colocada em prática por/com adolescentes. Em vários capítulos, também é sugerido que os alunos montem um corpus com exemplos daquele tópico gramatical, para analisar e apresentar aos colegas. Montar um corpus, sobretudo do uso real da língua, é algo extremamente difícil e demorado até mesmo para nós que somos professores. Os alunos não têm maturidade nem conhecimento suficiente para fazer isso. Achei que as sugestões propostas no livro são um pouco fora da realidade do que realmente é possível fazer em sala de aula, pensando não apenas nas habilidades dos alunos, mas também no potencial de engajamento desses exercícios.
Recomendo o livro, mas com ressalvas!
Se você quiser dar uma olhada no índice do livro, clica no arquivo aí embaixo (este pdf está disponível no site da Editora Parábola também).
Eu quero aprender
Obrigada por compartilhar sua análise. Procurei uma resenha justamente para saber se a abordagem seria teórica ou voltada à prática e sua resenha esclarece muito bem esse ponto.
Abraço.!😉