Ainda não divulgamos aqui no blog, mas quem segue nosso perfil Instagram (nosso perfil é este aqui) já sabe que, desde março, somos Educadoras Parceiras da Companhia na Educação, o departamento de educação da editora Companhia das Letras. Por causa disso, todo mês vamos receber um livro para resenhar para vocês.
Nós elaboramos um ebook completo - com Plano de aula para 6 semanas e habilidades da BNCC, 40 perguntas com gabarito, atividades criativas e 5 propostas de produção de texto - para você trabalhar a autobiografia da Malala em sala de aula. Adquira o ebook neste link.
No mês de março, recebi o livro "Malala - minha história em defesa dos direitos das meninas", é uma adaptação da autobiografia da Malala feita pela Sarah J. Robbins e traduzida pela Lígia Azevedo. A Malala tem diversas autobiografia e biografias, muitas lançadas pela Companhia das Letras (vejam todas elas no vídeo no final do post) e a diferença entre elas é o público-alvo: esta biografia de hoje é indicada para leitores em torno de 8 a 12 anos - recentemente, a Editora Seguinte começou a colocar a idade indicativa na capa dos livros e eu achei isso muito bom, essa informação facilita a compra de livros por professores e pais.
Acho que todo mundo já ouviu falar da Malala, mas uma apresentação nunca é demais: Malala é paquistanesa e, ainda criança, tornou-se uma ativista pelo direito à educação, sobretudo das meninas, já que o Talibã proibiu que meninas continuassem estudando após tomarem o governo do Paquistão. Sua história, e de todas meninas paquistanesas como ela, começou a ficar conhecida depois que ela tornou-se a autora de um blog da BBC quando tinha 11 anos, em janeiro de 2009, mas na época ela usava o pseudônimo de Gul Makai. Poucos meses depois, a autoria do blog foi descoberta e ela começou a dar entrevistas e a fazer discursos por todo o país, chegando a receber alguns prêmios, como o Prêmio Nacional da Paz para os Jovens, do Paquistão.
Na época, Malala já recebia dezenas de ameaças de morte, mas todo mundo - incluindo sua família - achava que o Talibã jamais teria coragem de machucar uma crianças. Mas eles tiveram. Em 09 de outubro de 2012, Malala sofreu um atentado do Talibã enquanto estava dentro do ônibus escolar, voltando para sua casa. Ela levou um tiro na cabeça, teve que ser levada para a Inglaterra para continuar seu tratamento e sua vida ficou em risco. Muitos temiam que ela não sobrevivesse ou ficasse com graves sequelas.
No entanto, Malala sobreviveu e o atentado apenas a fortaleceu, dando a ela a certeza de que deveria continuar com seu trabalho como ativista pela direito à educação. Hoje Malala tem 23 anos, continua morando na Inglaterra, estudou na Universidade de Oxford e se formou em Filosofia, Política e Economia em junho de 2020. Malala também trabalha pelo seu Fundo Malala, instituição criada em 2013 para arrecadar fundos para projetos educacionais, e ainda mantém o record de pessoa mais jovem a receber o Prêmio Nobel da Paz.
A biografia lançada pela Editora Seguinte, selo juvenil da Companhia das Letras, conta exatamente essa história. É um livro pequeno - seu tamanho é menor do que um livro padrão -, a fonte tem um tamanho maior do que o convencional e com mais espaçamento e o livro também tem ilustrações, tudo isso é essencial para um livro para pequenos leitores. Eu nunca dei aula para crianças, então não posso afirmar com certeza que o livro pode ser lido por crianças de 8 anos, mas sem dúvida pode ser lido nas aulas de língua portuguesa de 5º e 6º anos.
Pensando no 6º ano, a leitura desse livro contempla a habilidade da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) abaixo (como os descritores de algumas habilidades são muito longos, farei alguns recortes):
(EF67LP28) Ler, de forma autônoma, e compreender – selecionando procedimentos e estratégias de leitura adequados a diferentes objetivos e levando em conta características dos gêneros e suportes –, (...) autobiografias, (...) expressando avaliação sobre o texto lido e estabelecendo preferências por gêneros, temas, autores.
as imagens foram retiradas do perfil da Editora Seguinte no Instagram
ATIVIDADES QUE PODEM SER FEITAS EM SALA DE AULA
1. Análise de linguagem: quem acompanha o blog, sabe que eu sempre indico analisar a linguagem com os alunos de maneira mais detalhada e cuidadosa. Recomendo selecionar trechos com figuras de linguagem, expressões idiomáticas e implícitos para trabalhar com os alunos e garantir que esses trechos estão sendo compreendidos por eles. Neste livro, há alguns trechos assim que podem ser analisados - na p. 50, por exemplo, temos: "De repente, onde quer que eu olhasse, talibãs pareciam brotar como erva daninha". Será que os alunos entenderam o que isso significa? É preciso checar!
Outro aspecto linguístico importante de ser discutido é o fato da autora (e também da tradutora) ter mantido várias palavras escritas em urdu, com certeza vale a pena discutir com o alunos o que pode ter motivado essa escolha/decisão. No final do livro, há um glossário com o significado dessas palavras.
Essas atividades podem ser feitas com toda a sala ou o(a) professor(a) pode elaborar uma lista de exercícios com perguntas sobre linguagem e colocar os alunos para discutir as perguntas em grupo. Elas estão de acordo com as habilidades da BNCC listadas abaixo.
(EF69LP54) Analisar os efeitos de sentido decorrentes da interação entre os elementos linguísticos e os recursos paralinguísticos e cinésicos, (...) os efeitos de sentido decorrentes do emprego de figuras de linguagem, tais como comparação, metáfora, personificação, metonímia, hipérbole, eufemismo, ironia, paradoxo e antítese e os efeitos de sentido decorrentes do emprego de palavras e expressões denotativas e conotativas (adjetivos, locuções adjetivas, orações subordinadas adjetivas etc.), que funcionam como modificadores, percebendo sua função na caracterização dos espaços, tempos, personagens e ações próprios de cada gênero narrativo.
(EF67LP38) Analisar os efeitos de sentido do uso de figuras de linguagem, como comparação, metáfora, metonímia, personificação, hipérbole, dentre outras.
2. Conexões entre partes do enredo: é muito importante trabalhar com os alunos as conexões existentes em uma história. Muitas vezes, um acontecimento do início da narrativa está conectado com algo que acontece mais para o final e precisamos verificar se os alunos conseguem estabelecer essas conexões. Por exemplo, no início da história, Malala conta que sonhava em ter um lápis mágico; depois, na p. 79, quando começa a escrever para o blog da BBC, ela diz "Era como se Deus tivesse finalmente concedido meu desejo de ter um lápis mágico". A história do lápis aparece novamente no famoso discurso que Malala fez na ONU, em 2013, no dia em que completou 16 anos.
Essa atividade está de acordo com a habilidade da BNCC listada abaixo.
(EF69LP47) Analisar, em textos narrativos ficcionais, as diferentes formas de composição próprias de cada gênero, os recursos coesivos que constroem a passagem do tempo e articulam suas partes, a escolha lexical típica de cada gênero para a caracterização dos cenários e dos personagens e os efeitos de sentido decorrentes dos tempos verbais, dos tipos de discurso, dos verbos de enunciação e das variedades linguísticas (no discurso direto, se houver) empregados, identificando o enredo e o foco narrativo e percebendo como se estrutura a narrativa nos diferentes gêneros e os efeitos de sentido decorrentes do foco narrativo típico de cada gênero, da caracterização dos espaços físico e psicológico e dos tempos cronológico e psicológico, das diferentes vozes no texto (do narrador, de personagens em discurso direto e indireto), do uso de pontuação expressiva, palavras e expressões conotativas e processos figurativos e do uso de recursos linguístico-gramaticais próprios a cada gênero narrativo.
3. O documentário "Malala": eu amo o documentário da Malala, lembro que o assisti no cinema, em uma sessão quase vazia, e saí da sala aos prantos. Ainda choro toda vez que o reassisto com meus alunos. Com certeza é um documentário que precisa ser visto na escola, não apenas por contar a vida de Malala, mas também por falar de educação e de como este é um direito ainda negado a muitas crianças e adolescentes. Mas ressalto que o documentário é indicado para adolescentes de 12 anos ou mais.
Outra coisa de que gosto muito nesse documentário é o fato de ele mostrar o papel do pai de Malala na vida da filha. Ziauddin Yousafzai sempre foi o grande incentivador da Malala, tanto como aluna quanto como ativista, e a relação dos dois é muito bonita. Após assistir ao documentário, é possível fazer algumas análises comparativas com o livro, identificando pontos em comuns e momentos que aparecem em mais detalhes no documentário.
Esta é uma atividade pode ser feita em forma de discussão com toda a sala ou o(a) professor(a) pode pedir uma produção de texto em que os alunos escrevam uma análise comparativa apontando dois aspectos que livro e documentário têm em comum e dois acontecimentos que encontramos em apenas uma das obras. Essa atividade está de acordo com as habilidades da BNCC listadas abaixo.
(EF69LP45) Posicionar-se criticamente em relação a textos pertencentes a gêneros (...).
(EF69LP49) Mostrar-se interessado e envolvido pela leitura de livros de literatura e por outras produções culturais do campo e receptivo a textos que rompam com seu universo de expectativas, que representem um desafio em relação às suas possibilidades atuais e suas experiências anteriores de leitura, apoiando-se nas marcas linguísticas, em seu conhecimento sobre os gêneros e a temática e nas orientações dadas pelo professor.
(EF69LP46) Participar de práticas de compartilhamento de leitura/recepção de obras literárias/ manifestações artísticas (...), tecendo, quando possível, comentários de ordem estética e afetiva e justificando suas apreciações (...).
(EF67LP27) Analisar, entre os textos literários e entre estes e outras manifestações artísticas (como cinema, teatro, música, artes visuais e midiáticas), referências explícitas ou implícitas a outros textos, quanto aos temas, personagens e recursos literários e semióticos.
4. Religião e preconceito: ao falar da história de vida de Malala, é quase impossível não falar da religião islâmica. Malala é muçulmana e é uma pessoa muito religiosa, em todas suas ações ela faz questão de deixar claro que a desigualdade de gênero não é um valor do Islã, mas uma imposição de extremistas religiosos.
Sabemos que muçulmanos são vistos com muito preconceito em todo mundo - preconceito este denominado islamofobia -, são quase sempre considerados terroristas e extremamente violentos, portanto é essencial debater esse tema em sala de aula para romper com estereótipos. O documentário traz muitas informações que ajudam neste debate.
Como nós, brasileiros e/ou ocidentais, temos pouquíssimo conhecimento sobre o mundo árabe e sobre o islamismo, é preciso estudar um pouco sobre o tema. Para isso, recomendo o perfil no instagram de duas brasileiras que são muçulmanas: Fabíola Oliveira, que mora no Brasil, e a Íris Cajé do Vida nas Arábias, que mora na Arábia Saldita. Indico em especial esses dois vídeos: esse vídeo sobre o hijab da Fabíola (nome do lenço usado pelas mulheres muçulmanas para cobrir o cabelo e parte da cabeça) e o vídeo Oito informações atualizadas sobre a Arábia Saudita da Íris. O(a) professor(a) pode assistir aos vídeos durante as aulas sobre o livro.
Acho importante que este tema seja debatido durante uma discussão com toda a turma. Depois, o(a) professor(a) pode pedir a produção de um pequeno texto argumentativo em que os alunos se posicionem sobre a islamofobia e/ou sobre a proibição de meninas irem à escola, tendo como base a leitura do livro, o documentário e os vídeos apresentados para a classe. Esssa atividades estão de acordo com as habilidades da BNCC listadas abaixo.
(EF69LP44) Inferir a presença de valores sociais, culturais e humanos e de diferentes visões de mundo, em textos literários, reconhecendo nesses textos formas de estabelecer múltiplos olhares sobre as identidades, sociedades e culturas e considerando a autoria e o contexto social e histórico de sua produção.
(EF69LP30) Comparar, com a ajuda do professor, conteúdos, dados e informações de diferentes fontes, levando em conta seus contextos de produção e referências, identificando coincidências, complementaridades e contradições, de forma a poder identificar erros/imprecisões conceituais, compreender e posicionar-se criticamente sobre os conteúdos e informações em questão.
Adquira o ebook completo para trabalhar a autobiografia da Malala em sala de aula.
Este ebook foi elaborado a partir de duas adaptações da autobiografia da Malala, uma infantojuvenil e outra juvenil. Dessa forma, ele contém perguntas e atividades que podem ser trabalhadas e/ou adaptadas nos diferentes níveis de ensino.
Ao adquirir o ebook, você levará um material completo com:
• Plano de aula para trabalhar o livro ao longo de 5-6 semanas, com habilidades da BNCC do Ensino Fundamental 2 e Ensino Médio;
• 40 perguntas com gabarito;
• 5 propostas de redação para avaliar a leitura da obra - com grade de correção;
• Outras atividades criativas e interativas; e
• Apresentação em slides.
Adquira o ebook neste link.
Abaixo, segue um vídeo da Editora Seguinte apresentando todos os livros sobre a Malala que a editora já publicou.
A história da Malala pra todes es leitores! | Editora Seguinte
Se você ainda não conhece a fundo essa história e está se perguntando “Qual livro da Malala devo ler primeiro? Qual é o mais indicado para mim?”, este vídeo é para você! Um verdadeiro guia para descobrir sua leitura ideal para conhecer mais sobre a vida dessa garota tão incrível. Como temos indicações para leitores de todas as idades, aproveite para compartilhar com todo mundo ;)
Na seção PARA LER NA ESCOLA, você vai sempre encontrar resenhas de livros literários (também conhecidos como paradidáticos) que são adequados para ler com os alunos do Ensino Fundamental 2. Também haverá sugestões de atividades, exercícios e temas que podem ser trabalhados com os alunos durante a leitura.
MALALA - minha história em defesa dos direitos das meninas
Malala Yousafzai com Patricia McCormick, adaptação de Sarah J. Robbins e tradução de Lígia Azevedo
Lançado em 2020, 194 p.
Editora Seguinte
Antes de se tornar uma ativista conhecida no mundo inteiro, Malala era apenas uma garota que lutava por aquilo em que acreditava. Quando a região onde morava, no Paquistão, foi dominada pelo Talibã e as meninas foram proibidas de ir à escola, Malala arriscou a vida para defender o direito à educação.
Nesta edição adaptada de suas memórias – enriquecida com ilustrações, glossário e linha do tempo –, você vai conhecer a história impressionante de uma jovem que se recusou a ficar em silêncio. Com suas próprias palavras, Malala nos mostra a importância de combater o ódio e o extremismo, e nos traz uma mensagem inspiradora de determinação e esperança.
Indicado para: 5º a 7º anos (segundo a editora, é indicado para leitores de 8 a 12 anos)
Temas: conflitos da adolescência, desigualdade de gênero, educação, infância, refugiados, religião e islamofobia, sociedade e política.
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