Fui apresentada aos conceitos presentes no título deste texto pela professora americana Megan Fobers, do perfil Too Cool For Middle School. Ela compartilhou uma atividade de leitura que fez com seus alunos e depois compartilhou alguns textos sobre o tema.
A primeira pessoa a cunhar os conceitos de que livros são janelas ou espelhos foi a educadora Emily Style em 1988, no artigo Curriculum As Window and Mirror. Dois anos depois, a professora Rudine Sims Bishop adicionou ao conceito a ideia de que livros também podem ser portas de correr no artigo Mirrors, Windows, and Sliding Glass Doors. Eu achei o texto da professora Bishop tão bonito e tocante que resolvi traduzi-lo para compartilhar com vocês - a tradução está disponível aqui. O artigo retrata a realidade americana, mas acredito que os questionamentos levantados por Bishop podem facilmente ser aplicados à realidade brasileira também.
Rudine Sims Bishop é Professora Emérita da The Ohio State University e é conhecida como a "mãe da literatura multicultural". Ela é nacionalmente reconhecida nos Estados Unidos por suas pesquisas sobre o multiculturalismo na literatura infantil e sobre a importância das crianças negras se verem refletidas nos livros que leem.
Este post que vocês estão lendo foi inspirado neste artigo de Katy Tessman, uma educadora americana que trabalha ajudando a montar o acervo de bibliotecas de escolas Os conceitos que ela apresenta no artigo podem tanto guiar o professor na hora de selecionar os livros que serão lidos pelos alunos quanto fundamentar a realização de atividades durante a leitura. Vamos a eles então!
São livros que refletem a vida dos leitores.
É uma história que reflete sua cultura e te ajuda a construir sua própria identidade.
Encontrar-se refletido em um livro é poderoso. Quando os alunos lêem livros em que veem personagens como eles, sua família e sua cultura sendo valorizados no mundo, eles têm a sensação de pertencimento.
São livros que proporcionam a visão de uma realidade diferente.
Por meio de livros-janelas, os alunos e as alunas aprendem a entender e apreciar as outras pessoas.
Você tem acesso a experiência de vida de outras pessoas e descobre que você só aprende sobre si mesmo quando também aprende sobre o outro.
São livros que abrem portas para um mundo totalmente diferente.
Essas portas permitem que os leitores entrem na história e tornem-se parte do mundo de fantasias criado pelo(a) autor(a) - como livros distópicos ou de ficção científica.
Segundo todas as educadoras e pesquisadoras citadas neste post, é importante que a biblioteca das escolas e as aulas de leitura de Língua Portuguesa tenham representantes desses 3 tipos de livros. É essa diversidade de livros que irá propiciar o desenvolvimento da competência leitora dos estudantes e permitir formar não apenas leitores, mas também cidadãos sensíveis a todas as diferenças que formam nossa sociedade.
Eu sempre me preocupei em trazer livros diversos para a sala de aula, então achei muito legal ver essa ideia sistematizada em conceitos e, principalmente, ver que minha prática pedagógica está alinhada ao trabalho que está sendo realizado em outros países.
Há duas semanas, durante a leitura do livro "O pior dia de todos", da Daniela Kopsch (leia uma resenha dele nest post aqui), eu apresentei aos alunos essa visão de que livro podem ser espelhos ou janelas. Pedi que eles refletissem sobre o livro que estávamos lendo e escrevessem um pequeno texto me dizendo o que essa leitura significava para eles, ela era um espelho ou uma janela? Foi bem legal ver a resposta dos alunos, principalmente porque muitos apontaram que um mesmo livro pode ter ambas funções dependendo do momento do enredo ou da realidade de vida do(a) leitor(a).
Eu procurei textos em português que trabalhassem com esses conceitos e achei apenas um. Se você conhecer algum(a) pesquisador(a) brasileiro(a) que trabalhe com essas ideias, comente aqui embaixo, vou adorar receber essa indicação.
Se quiser outras leituras sobre o tema, pode acessar os links abaixo:
Para finalizar, compartilho este trabalho do cartunista americano Grant Snider, inspirado por Rudine Sims Bishop - o trabalho dele é bem legal, você pode ver outros cartuns no seu site.